3 de ago. de 2009

Sobre talentos cerceados

O dilema de Van Gogh, o de querer mas não poder, ou ao menos de ter dificuldades inenarráveis em conseguir o que se quer, está basicamente na postagem Capitalismo e a morte de Mozart. Portanto, onde se lê morte de Mozart, leia-se também morte de Van Gogh.

O mundo é muito feio. Ser bonito, aqui, é raro, é exceção- "esse mundo não faz sentido para alguém belo como você", diz a música de Don McLean para o mesmo Vincent (também já tratei disso aqui), de modo que o suicídio não se faz assim tão absurdo.

O dilema posto diante de Vincent é: ser ou não? Quando você ouve em seu íntimo que você não é pintor, é AÍ SIM que deve começar a pintar com mais afinco- escreve a seu irmão Théo. Há que ser artista, independente de tudo, tudo mesmo, ao redor ou no interior. Há que ser artista. Mas não é só o dilema pessoal, são as próprias condições do mundo que o cerca. Mas disso já tratei, me reporto à morte de Mozart (ou de Van Gogh) acima.

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As cartas de Gramsci na prisão emocionam. Que sofrimento, e ainda assim que idéias! O espírito não pode ser encarcerado pelas prisões fascistas. O fascismo não tem autoridade sobre ele.

Ocorre, e isso está na morte de Mozart acima, é que, indomável ou não, o espírito está sujeito aos influxos materiais. Dá pra imaginarmos o que um intelectual como Gramsci não poderia ter produzido tivesse não só a liberdade, mas a saúde íntegra. Mas essa é a vida do revolucionário. Na política e na arte.

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Em suma, é triste quando o talento encontra os óbices que impedem seu pleno desenvolvimento, acabando por morrer. Ou seguindo estropiado, mais morto que vivo. Não raro o talento opta por se matar- Vincent é exemplo.

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Há também o suicídio "figurado", e por "n" motivos. Como Rimbaud (foto), que sufocou a musa aos 19.

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