7 de ago. de 2009

Base e superestrutura. E Chopin.

Quero dizer: o Espírito fortalecido (através das Artes, da Religião, da Filosofia) suporta melhor as atribulações materiais, mas sem ser capaz de superá-las. O espírito não vence a matéria. Afinal, um problema material deve encontrar uma solução material, ou, como diz Marx ("Introdução à Crítica...") o poder material deve ser deposto pelo poder material. A superestrutura (Artes, Religão etc. etc.) apenas alimenta- serve como analgésico, um paliativo, enfim.

Não é muito- mas como a vida seria insuportável sem esse pequeno remédio! É justamente a superestrutura que permite à vida ser suportável. Sem o "torpor" da superestrutura, como seria árduo.

Não quero dizer com isso que devamos nos alienar. Alienação (alheamento) é a não-identificação com o mundo. Nós, ao contrário, conhecemos o mundo, sabemos onde pisamos, ou, ao menos, combatemos (tentamos combater) essa tendência. Apenas reconhecemos na superestrutura esse caráter suavizante. E felizmente ela o tem.

Por outro lado, é possível que a superestrutura leve a mudanças de base (materiais). Em outro tópico mesmo dou o exemplo, e citando Eros Grau, de como o Direito também produz alterações na estrutura econômica (tornarei ao assunto mais aprofundadamente qualquer hora). Não só possível, na verdade, como frequente.

Mas isso não quer dizer que seja a superestrutura a mudar a base. O espiritual não modifica o material, já falei acima. O material só é mudado pelo material; o espiritual leva, nesse caso, à atuação material que, ela sim, modificará o mundo material.

Etc. etc. ad nauseam. É isso.

*

Só mais uma coisa: sexta-feira, de presente pra vocês Chopin, aqui. Na imagem, o compositor pintado por Delacroix.

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