6 de jul. de 2010

Rumi, Hallaj e a "Verdade"

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A tela do computador substitui, cada vez mais, os livros. É por isso que, acho eu, essa deve ser a segunda ou terceira postagem em que me coloco não de livro na mão, e sim na frente de uma tela de computador. É indiferente, em todo caso: se por um lado tenho o fetiche do "livro", do manuseio do papel, por outro importa é o acesso à cultura. E a internet é pródiga nisso, já falamos sobre na postagem O paradoxo. Onde mais, senão na internet, poderíamos encontrar de forma barata e acessível (basta lançar no Google!) esse vasto material sobre o sufismo?

O sufismo é o lado esotérico ("eso", dentro, interno) do islã.  Reynold Nicholson: "Todo o Sufismo está na crença em que, quando o eu individual se perde, o Eu Universal é encontrado". As opiniões se dividem. Para alguns (os dogmáticos, justamente) o sufismo é parte do islã, é inerente a ele. Querem que o sufismo seja do islã. Já eu digo que também é do islã, mas não exclusivo dele, e Ibn Arabi deixou isso tão claro, mas tão claro, que não vejo sentido em insistir nisso. Para outros, igualmente dogmáticos, por sua vez, o sufismo é mesmo uma heresia- e o ato supremo dessa mentalidade foi o martírio de Mansur al Hallaj, que em seu transe místico ousou dizer Ana al-Haqq ("Sou a Verdade"). Uma blasfêmia, uma apostasia, para o fundamentalista. De um lado e de outro, como se vê, o sufismo é presa do dogma. (O dogma não é assunto novo no blog:  já falamos a respeito aqui). O dogma quer capturá-lo justamente porque o sufismo não fala com o dogma, mas com a poesia.