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6 de jun. de 2010

De cavaleiros templários

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Foi uma noite. Imbuído de melancolia, faço o que costumo fazer nesses momentos: leio o "Eu" de Augusto dos Anjos. Contraditório que seja, ler versos de tristeza, quando se está triste, é ter um pouco de alegria.  É ver que não se está sozinho. Daí, folheando as páginas, chego a "Vandalismo", um primor de poesia cruel. Cruel, e o próprio nome do soneto dá a pista- o vandalismo é o do despedaçar dos próprios sonhos, "no desespero dos iconoclastas". Mas que bela imagem, o contraste: primeiro Augusto nos apresenta as "catedrais virginais", com ênfase em sua pureza e beleza, para então acrescentar à cena a loucura do vândalo, que a tudo destrói. Como um estupro. E esse vandalismo, essa ofensiva aos "templos claros e risonhos", não se dá desacompanhada: conosco estão os "velhos Templários medievais".

Quem já leu "O pêndulo de Foucault", de Umberto Eco, com toda teoria da conspiração que permeia a obra, sabe que, no universo hermético -o do ocultismo- tudo se interliga de alguma forma. Não há acaso. O simpático padeiro pode ser membro de uma seita, assim como o colega de bar, sem que saibamos, um grão-mestre de alguma ordem obscura. Tudo sem que saibamos, sem que sequer desconfiemos. Eles, por sua vez, nos manipulam -a nós e à ordem mundial- e nos usam como joguetes de seus desígnios além da compreensão dos leigos. É nesse clima de conspirações que "O pêndulo de Foucault" se desenvolve, uma trama que confunde o leitor e o arrasta num turbilhão de suposições e suspense psicológico junto com o protagonista do livro, Casaubon. E, dentro do espírito do livro, o fato de Augusto dos Anjos ter incluído em seu poema os cavaleiros templários -um clássico do universo ocultista- não poderia ter sido mero acaso. Teria sido Augusto um iniciado?