26 de out. de 2009

O lar que ninguém cuida

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Não é preciso que alguém nos mande cuidar de nossa casa. É uma preocupação natural: nosso teto, nossas coisas, tudo isso desperta nossa atenção e velamos por elas. Curioso é que esse cuidado evidente desapareça em escala macro. Afinal, o planeta Terra nada mais é -sem pieguismo- que o gigantesco lar da humanidade e, como lar que é, faz jus ao devido cuidado. O mesmo cuidado que temos para com nossos tetos do cotidiano.

Já falei disso em outra postagem: o incremento da técnica trouxe consigo o dano ao meio ambiente. A luta pela sobrevivência leva necessariamente à atuação sobre o mundo, em escala progressiva conforme o ser humano se desenvolva. Mas o que era necessário no passado, se converte em supérfluo hoje- se a luta era por sobrevivência, há muito o lucro como meta é o que dirige a depredação.

14 de out. de 2009

O paradoxo

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É um paradoxo: quanto mais informação temos à disposição, menos a aproveitamos. É um truísmo dizer que a internet revolucionou o conhecimento humano. Lança-se no google "sufismo", "Silvestre de Sacy", "direito romano", "Isaac Asimov", "Byron" etc. etc. etc., e pronto: tudo na tela. De forma rápida, limpa, sem ocupação de espaço físico. Sem necessidade de ida a bibliotecas, de gastos com livros. Tudo gratuito.

Pois bem, é uma revolução. O que surpreende é que essa revolução seja parcamente aproveitada. Nesta postagem eu já havia me referido à, citando José Saramago, inexorável caminhada do homem rumo ao grunhido, conforme vá perdendo a capacidade de comunicação. Saramago fala do twitter (com seus 140 caracteres), mas é toda uma tendência atual: a era do resumo, do sintético. O conhecimento está todo aí, ao toque de botão: mas quem o desfruta? Quem lê? Sendo que, claro, não basta ler, é preciso processar criticamente o que foi lido. Os seguintes textos estão relacionados com o assunto: Usuários da web desaprenderam a ler e O futuro dos blogs e os analfabetos virtuais.

2 de out. de 2009

Demagogia e papel picado

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Centro da Cidade. Saio do escritório para almoçar e ouço, ainda no saguão no edifício, os gritos na rua. Começa a chover papel picado. Um sujeito do outro lado da calçada, fazendo graça com os amigos, começa a gritar "vamos comer as norueguesas" ou outro besteirol do tipo. Gritinhos histéricos em toda parte, pessoas aglomeradas em frente às televisões.

Isso tudo porque o Rio de Janeiro será a sede das Olimpíadas de 2016.

Pena. Não me parece motivo de festa.

A cidade que festeja a "honra" é governada por Eduardo Paes, que tem implementado sua política neoliberal de desmanche da coisa pública (começando pela educação). O prefeito do "choque de ordem", o da continuidade da perseguição sistemática contra os trabalhadores informais. Que promete uma coisa e desfaz o que prometeu, como se vê no Nassif.