Perguntam-me se o ser humano é um eterno insatisfeito. A resposta é sim, e o "querer" é justamente inerente à vida, conforme já falamos em outras postagens. Mas, se se pergunta se essa insatisfação será entrave para a sociedade comunista, eu digo não, naturalmente. Se justamente a insatisfação é o que nos faz chegar até ela, enojados que estamos com o velho sistema, com a velha exploração do homem sobre o homem. A classe trabalhadora -hoje, lato sensu: não mais apenas o trabalhador de fábrica, mas todos aqueles que têm sobre si o peso do Capital, todos aqueles, independentemente de origem classista, que odeiam a forma de produção capitalista- se une, um anseio em comum, e promove a revolução social. Também aqui é a vontade que gira a roda.
Mas e se não der certo? Se a revolução soçobrar? A primeira coisa que deve ser dita é que, na história da humanidade, os conceitos de "êxito" e "fracasso" são relativos. Um pobre carpinteiro palestino foi subjugado a pauladas e crucificado, não obstante sua doutrina hoje tem alcance planetário. A Comuna de Paris, reprimida em sangue, mas sempre um modelo de "assalto ao céu". No mito, Tróia saqueada e queimada, mas é dela que veio o povo romano que conquistou o mundo. E os exemplos se sucedem, na vida real e na imaginação mitológica, de fracassos que redundam em vitória, de insucessos que, no fundo, foram muito mais exitosos que conquistas evidentes. Isso é a dialética. No erro há o acerto, e também o acerto traz sua carga de erro. É questão de enfoque, de ponto de vista.