21 de abr. de 2010

A casa dividida (ou o partido de tendências)

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Está escrito, em algum lugar do Novo Testamento, que uma casa dividida não pode subsistir. É quando acusam Jesus de expulsar demônios em nome do próprio Cão. Jesus retruca, logicamente: como poderia eu ser um demônio e ao mesmo tempo expulsar meus irmãos? Não faria sentido. Seria uma casa dividida, a dos demônios. Uns contra os outros. Dessa forma, se enfraquecem, e a casa cai. E isso naturalmente vale para tudo na vida: nenhum organismo, nenhuma organização, nenhuma família pode viver eternamente em pé-de-guerra. Isso necessariamente acabará mal, cedo ou tarde. E entre mortos e feridos salve-se quem puder.

A metáfora bíblica é pertinente para analisarmos um tipo peculiar de partido político, que age em regra  exatamente como facções de demônios brigando entre si. Refiro-me ao famigerado formato de "partido de tendências", do qual é (ou era, com a debandada dos dissidentes) exemplo o PT, no Brasil. Outro exemplo temos no PSOL, partido que, justamente composto de tendências saídas do PT, veio para o campo da esquerda quando aquele já se mostrava irremediavelmente degenerado. Ocorre que o PSOL também caminha, passos largos, para a degeneração.

2 de abr. de 2010

Sobre cristianismo e revolução

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Em outra postagem tenho falado da necessidade de como, se quisermos chegar à verdade, ou ao mais próximo possível dela, devemos passar por cima de subjetivismos. Deixar que preconceitos pessoais ofusquem o raciocínio é andar em círculos. Não se avança. Nesse sentido, acho muito oportuna a frase de Nietzsche, sobre as convicções serem mais inimigas da verdade que a mentira. Pois o "convicto" não se preocupa com a verdade, tão-somente com a verdade dele. O método dialético, que como marxista eu professo, é radicalmente diferente disso. Analisamos o todo para chegar às partes e vice-versa, cônscios das contradições que permeiam toda estrutura social, toda relação humana, toda atividade humana, que permeiam, enfim, o próprio homem enquanto ser histórico, social e espiritual.

Causa-me estranheza intelectuais negarem, por exemplo, o aspecto revolucionário do cristianismo em seu nascedouro. Partem para o arrolamento dos crimes da Inquisição, da pedofilia da Igreja, da perversão dos Bórgias etc etc. E ficam nisso. Ora, não há organização humana que seja isenta de desvios, por melhor intencionada que seja sua filosofia. Homens estão situados num contexto histórico-material, e como tal fazem sua História, não livremente (e sim sob as circunstâncias legadas e transmitidas do passado, diz Marx no 18 Brumário), mas fazem. No erro e no acerto. Em qualquer caso, o cristianismo não se reduz à Igreja Católica.