
Pois bem, é uma revolução. O que surpreende é que essa revolução seja parcamente aproveitada. Nesta postagem eu já havia me referido à, citando José Saramago, inexorável caminhada do homem rumo ao grunhido, conforme vá perdendo a capacidade de comunicação. Saramago fala do twitter (com seus 140 caracteres), mas é toda uma tendência atual: a era do resumo, do sintético. O conhecimento está todo aí, ao toque de botão: mas quem o desfruta? Quem lê? Sendo que, claro, não basta ler, é preciso processar criticamente o que foi lido. Os seguintes textos estão relacionados com o assunto: Usuários da web desaprenderam a ler e O futuro dos blogs e os analfabetos virtuais.
Como mantenedor deste Elogio da Dialética, já havia parado pra pensar nisso. Acho realmente que textos longos ninguém lê- daí me limitar à análise do tema proposto em poucos parágrafos (geralmente uns três), com a intenção de instigar o assunto e não de esgotá-lo. Mas, que diabos, é uma pena isso.
A internet traz isso, esse verdadeiro paradoxo: temos fome de alimento real, temos acesso a alimento verdadeiro; mas nos contentamos com o fast food. O McDonald's cultural.
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A imagem é "Monge lendo", de Rembrandt.
É a superficialidade se alatrando. Um post relacionado a isso que achei interessante está nesse blog aqui:
ResponderExcluirhttp://sobretudodelona.wordpress.com/2007/08/20/pobre-nao-tem-que-ter-computador/
Considero que o maior problema é que quando acessamos a web (na maioria das vezes) não fazemos só uma atividade. Estamos ao mesmo tempo conversando no msn, escutando músicas, no orkut/twitter e afins, e ainda tentando ler algo (produtivo ou não). Não há quem consiga ficar atento, acaba que a informação não é digerida, bons textos passam desapercebidos. Confesso que eu não estava conseguindo ler meus blogs preferidos, justamente por isso.
ResponderExcluirÉ a revolução do ler e não entender, não saber escrever e necessariamente conversar. O que falar sobre crimes cometidos contra o português na web? Cometer um ou outro erro é normal, não somos perfeitos. Mas existem erros gritantes, que dão até vontade de rir (ou chorar, ou os dois ao mesmo tempo) só de ler.
Pense,
ResponderExcluirEu acredito que a inclusão digital -tema do texto que você indicou- não é uma prioridade. Há necessidades populares muitos mais urgentes. A inclusão digital, se não vier acompanhada do cuidado com essas verdadeiras prioridades, sempre terá um gosto de demagogia. Mas o acesso à internet é importante, sim. Ao contrário da autora do texto indicado, acho que a web traz todo o cabedal de cultura necessário- o problema é que não usufruimos isso em todo seu potencial.
Emanuella,
O ponto é esse mesmo. É como se não conseguissemos dar conta de todo fluxo de informação recebido. Dedicamo-nos a zilhões de tarefas ao mesmo tempo, e aquilo que é importante passa em branco.
Eu vou além, Tejo. Digo que não somente os textos longos que não são quase lidos, mas como os blogs culturais são menos acessados e comentados. O povo gosta é de “besteirol”, infelizmente é assim, dá mais ibope (Cultura x Besteirol). Quando eu comecei fazer o meu blog, sempre pensei ( e ainda penso assim) que “primeiro estou fazendo pra mim, por prazer, e em conseqüência disso, atraio leitores – ou não”. O problema de longos textos é o ‘tempo’ – nós queremos o máximo de informação que nos tome o menor tempo possível, e nem sempre isso é possível...
ResponderExcluirConcordo com seu texto - isso td é um verdadeiro paradoxo.
Marli,
ResponderExcluirVocê tem razão: há temas que dão mais "ibope", e geralmente são aqueles mais superficiais. Isso está dentro da ótica de futilidade que falamos.
Nada contra o superficial: penso que a cultura pop/ entretenimento também tem seu espaço. O problema é quando se prioriza apenas isso em detrimento dos temas mais "profundos".
Quanto à questão do tempo, você tem razão também. Talvez não desfrutemos de toda informação a nosso dispor também por impossibilidade física. Afinal, o dia só tem 24 hs. E precisamos estudar, trabalhar, cuidar da família. Daí a importância de otimizar o tempo livre e selecionar o relevante.