É muito comum nos depararmos com marxistas que, não obstante tanto falarem (corretamente) em estudo, em ciência, em dialética, esquecem uma premissa elementar do pensamento científico: ao se estudar um fato, deve-se partir de uma posição neutra diante desse fato estudado. Afinal, se quer verificar um FATO- ou o fato ocorreu ou não ocorreu, não há "meio-fato". E, se ocorreu (ou não ocorreu), ocorreu (ou não ocorreu) independentemente da vontade ou da fé.
Os companheiros que cito, partem, ao contrário, da premissa de que dado fato é mentira porque veio de fontes burguesas.
Há dois equívocos aí.
O primeiro é objetivo: esquece-se que não há conhecimento que não esteja vinculado a relações de base. Como produção cultural, portanto superestrutura, há inflexões materiais que sempre irão incidir. Isso é inevitável, "a história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes" (Manifesto). Não há ciência que não esteja situada no pano de fundo material. Desprezar, refutar a ciência, porque veio da burguesia, é ser idealista, porque se estaria querendo ciência que, num sistema de produção capitalista, não fosse afetada por esse sistema. Idealismo hegeliano e não materialismo marxista.