18 de mar. de 2009

Starry Starry Night

Acordo com Don McLean cantando "Vincent"- não há maneira mais doce, e mais melancólica, de despertar. "Agora entendo o que você tentou me dizer", diz a letra, "como sofreu por sua sanidade". Como tentou libertá-los e como eles não ouviram, e talvez nunca ouvirão. Eles, quem? Os homens. O instrumento de libertação? A arte, e nenhum outro.

Vincent é Vincent Van Gogh. Sobre quem Henry Miller escreveu, no Plexus: "O que me encantava era o desejo ardente de Vincent de viver a vida de um artista, nada mais ser do que um artista, acontecesse o que acontecesse. Com homens dessa têmpera, a arte se torna religião". Miller continua, lembrando as críticas que o pintor sofrera de seus contemporâneos, "Pobre Van Gogh! Rico Van Gogh! Todo-poderoso Van Gogh!", o artista que, enfim, os venceu a todos. Mas só depois: em vida vendeu um único quadro.

Van Gogh deu cabo de sua própria vida (como amantes costumam fazer, diz a letra). Deixou seu médico, Paul Gachet, devidamente retratado -tenho uma cópia do quadro no escritório- não obstante não ter obtido deste remédio para seus transtornos íntimos. Mas era Vincent ou o mundo o real louco? Henry Miller interpreta seu desespero final como impaciência divina. Pode ser.

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A imagem é "Noite estrelada" (1889).

Sobre a música de Don Mclean, letra inclusive, clicar aqui.

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