10 de jul. de 2009

Minha visão de Deus

Deus para mim é um homem azul, exímio arqueiro, exilado na floresta com o irmão e a esposa. É um deus que não conhece a própria divindade; é preciso que o lembrem, para então ouvirem dele, "sou apenas um mortal, da linhagem de Raghu". Não, sóis Deus- se o mundo existe é por vossa causa. Acontece é que, para restabelecer a unidade, encarnais ciclicamente entre os mortais.

Esse deus é humilde: beija os pés de quem quer que mereça. Querendo a paz mas apto para a guerra, não mede conseqüências para preservar sua honra. Enfrenta um exército de demônios para resgatar a esposa- atravessa o próprio mar para isso.

É um deus capaz de despertar um amor tão sublime, que o arquétipo do devoto ideal é justamente seu seguidor: vive literalmente em seu coração e, por seu amor, o devoto é capaz de cruzar os oceanos, em um único salto.

Seria absurdo, Deus, se existir, ser um homem de pele azul exilado na floresta? Credo quia absurdum (creio porque é absurdo), dizia Tertuliano.

*

O que falo acima está no Ramayana, épico indiano do século V a.C., de Valmiki. Pode ser lido em inglês, aqui.

Na imagem, a queda de Ravana, atingido pela flecha de Rama.

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