Esqueci de escrever isso. No final de dezembro, festa de Iemanjá, grande celebração da cultura brasileira na praia de Copacabana. Ao som de uma curimba, alguns meninos irão dançar representando os Orixás. O ogã cantarola um ponto. O primeiro menino entra solene, sério. Não se dá muito por ele, mas, quando os atabaques despertam, começa a dançar. Aí o mundo se transforma. Já não é um menino de 12 anos, e sim uma força da natureza, é o próprio Orixá que pisa, frenético, na areia de Copacabana. Ogum dança e dança, brandindo a espada, e tudo que há de guerreiro e de bélico no mundo vem num turbilhão à minha mente: Heitor, Aquiles e Ajax, hostes jônicas, dóricos bárbaros, expedições macedônicas, guerras púnicas, legiões romanas, Vercingetorix e Caio Júlio César, cruzados e jihad, tropas napoleônicas.
As forças atávicas da guerra dançam na areia com o Orixá, e ao som dos atabaques emergem espadas e escudos, lanças e gládios, as flechas de Rama, o carro de combate de Arjuna. Vejo o Exército Vermelho de Leon Trotsky, vejo as batalhas indígenas de Cavalo Doido e de Tupac Amaru, vejo Bolívar e Sucre. Vejo os cavaleiros da távola redonda e vejo também as brigadas internacionais na Espanha, e diante deles todos a efígie do marechal Zukhov.
Os atabaques param e o menino readquire a seriedade. Afasta-se do centro da arena de areia, que será ocupada por outro menino representando outro deus. Ogum já dançou, está saciado. Eu, a cabeça ainda girando, em silêncio, por ser tão fraco, peço perdão ao Orixá.
Assalamu Alaikum.....Meu amado irmão que texto fantástico...Aproveito para pedir perdão ao Orixá Ogum ( Patacuri Ogum, Ogum Iê )......Gostaria de compartilhar no meu blog para daí mandar para outras pessoas.....è possÍvel ????....Forte Abraço !
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