Sábado à noiteSaio pela porta e passo a chave. A rua está escura: o poste está queimado. Aquela semi-escuridão, pontilhada pelas luzes das casas e faróis que passam, dá à rua a aparência de um conto de fadas. A rua Paula Mattos, em Santa Tereza, esta noite tem um ar de vila do Senhor dos Anéis.
Domingo de manhã
Leio em determinado jornal (daqueles de direita, mas qual não é, meu Deus?) simpática crônica de um artista angolano sobre o bairro das Laranjeiras. Fala da Rua Alice, da General Glicério, da Rua das Laranjeiras...E só. Ora, qualquer crônica sobre Laranjeiras, que não cite o Fluminense Football Club...É defeituosa, falha, incompleta.
Leio em determinado jornal (daqueles de direita, mas qual não é, meu Deus?) simpática crônica de um artista angolano sobre o bairro das Laranjeiras. Fala da Rua Alice, da General Glicério, da Rua das Laranjeiras...E só. Ora, qualquer crônica sobre Laranjeiras, que não cite o Fluminense Football Club...É defeituosa, falha, incompleta.
Domingo à tarde
É um chavão, mas o céu está cor de chumbo: chumbo-leitoso, com consistência de algodão endurecido. Atravesso a pé as pistas da Presidente Vargas sentindo os primeiros chuviscos. Dobro na General Caldwell, ao mesmo tempo que um ônibus da linha 157. Um perfeito sincronismo. Recepcionando-me, uma casa de tijolos, pobre, bem pobre, quase um barraco. Mais à frente, uma birosca, Akon nas alturas. Adiante, Colégio Estadual Júlia Kubitschek. A entrada com grade, parede de tijolos vermelhos e pequeno jardim, dá uma certa nostalgia da infância. Avanço...Passo por um homem negro, trajando uma camisa de Gana, colorida e vistosa. Rua Moncorvo Filho. Logo na esquina, é claro, o Hospital Moncorvo Filho- clássico, imponente. Nobreza que destoa. Nostálgica, essa parte da cidade. Não é só o Júlia Kubitschek que desperta isso: é tudo, é justamente o céu de chumbo. Na Frei Caneca, um grupo suspeito na esquina. Prossigo. Tenho a sorte de chegar em casa antes da chuva cair.
É um chavão, mas o céu está cor de chumbo: chumbo-leitoso, com consistência de algodão endurecido. Atravesso a pé as pistas da Presidente Vargas sentindo os primeiros chuviscos. Dobro na General Caldwell, ao mesmo tempo que um ônibus da linha 157. Um perfeito sincronismo. Recepcionando-me, uma casa de tijolos, pobre, bem pobre, quase um barraco. Mais à frente, uma birosca, Akon nas alturas. Adiante, Colégio Estadual Júlia Kubitschek. A entrada com grade, parede de tijolos vermelhos e pequeno jardim, dá uma certa nostalgia da infância. Avanço...Passo por um homem negro, trajando uma camisa de Gana, colorida e vistosa. Rua Moncorvo Filho. Logo na esquina, é claro, o Hospital Moncorvo Filho- clássico, imponente. Nobreza que destoa. Nostálgica, essa parte da cidade. Não é só o Júlia Kubitschek que desperta isso: é tudo, é justamente o céu de chumbo. Na Frei Caneca, um grupo suspeito na esquina. Prossigo. Tenho a sorte de chegar em casa antes da chuva cair.
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Na imagem, a rua do Riachuelo na década de 10.
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