
Naturalmente, após a fase áurea de Lunatcharsky, as artes soviéticas entraram em um momento delicado, não tendo sido o cenário ideal para um artista. Independentemente de causas ou explicações, seria hipocrisia negar isso. Maiakovsky também foi dos que se ressentiram disso, e a censura sobre a atividade artística em voga pode ter sido um dos elementos a mais em sua opção pelo suicídio (Maiakovsky se matou por amor, sabemos, mas claro que as críticas que pululavam -"Maiakovsky é incompreensível para as massas!"- tinham o condão de fragilizar ainda mais uma personalidade deprimida).
Shostakovitch, pois, também passou por esse turbilhão- mas mesmo sob pressões e censura deixou fluir seu talento. Não ficou à parte dos rumos políticos, tendo sido presidente da União dos Compositores, delegado soviético nos EUA (1948) e deputado do Soviete Supremo. Dos inúmeros prêmios recebidos, figuram a Ordem de Lênin (1946, 1956, 1966), o de Herói do Trabalho Socialista (1966) e o de Artista do Povo da União Soviética (1954), dentre outros.
Nesta postagem fica a homenagem, na figura de Shostakovitch, a todos os artistas soviéticos. E ressalto (aos que ainda não entenderam, à direita ou à esquerda): apenas na forma de produção socialista o impulso artístico pode encontrar seu esplendor, isento de pressões mercadológicas ou econômicas; e a sociedade socialista, que busca justamente a emancipação do Homem e o fim das alienações, traz em sua essência o compromisso com a liberdade artística. Daí Trotsky, em sua bela frase, lembrar que a revolução nos dará a todos não apenas o direito ao pão, mas à poesia.
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Na imagem, o compositor em fins da década de 20.
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