4 de out. de 2007

Che Guevara, ou o Homem Novo

É impressionante o quanto os ideais cristãos e comunistas andam juntos. O cristianismo, sabemos, preconiza um homem despido de apegos materiais, abnegado, prestativo, e todas aquelas virtudes que encontramos no belo Sermão da Montanha. O comunismo, por sua vez, pressupõe exatamente um homem desapegado, abnegado e prestativo. E com uma vantagem sobre o cristianismo: o homem comunista toma as rédeas de sua vida aqui e agora, ao invés de protelar a libertação para um futuro incerto.

Com efeito, o que dizer de um sistema de produção baseado na cooperação e na associação, onde a cada um deve ser dado de acordo com sua necessidade e pedido de acordo com sua capacidade? Para os cínicos, é utopia. Para os pessimistas, o ser humano nunca chegará a esse ponto. Para aqueles satisfeitos com atual sistema -uma minoria- é um "absurdo".

Mas o homem comunista não é nem uma utopia, nem um devaneio e muito menos um absurdo. Já foi mostrado, na prática, que basta engajamento e vontade para que esse "Homem Novo" desabroche. Tivemos um exemplo, aqui em nossa sofrida América Latina, que se destacou em meio a tantos inúmeros outros homens e mulheres companheiros de luta. Foi um homem que abriu mão da confortável vida burguesa para arriscar a vida em Cuba, no Congo e na Bolívia, ao relento e em condições extremas, movido unicamente pelo altruísmo e pela vontade de tornar o mundo um lugar melhor. Pelo sentimento comunista, em outras palavras.

No mês de outubro lembramos a morte desse Homem Novo, Ernesto Guevara de La Serna. Mas não seria exagero dizer que é imortal: a CIA e o imperialismo estadunidense, a mais mortífera máquina da História, não conseguiram eliminá-lo dos corações e mentes. Usando a imagem cristã, também não seria exagero dizer que é um santo (e inclusive pode-se literalmente encontrar sua imagem em altares de famílias camponesas bolivianas, nas regiões próximas ao local de sua morte). Mas, nem santo nem imortal, mostrou -com todos seus equívocos, erros e defeitos- que podemos, se quisermos, nos tornar também Homens e Mulheres Novos, construtores de uma sociedade justa e igualitária.

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