26 de set. de 2006

Um sonho qualquer

Era um sonho em que escalava prédios, edifícios, construções, sempre pra cima, cravando as unhas no concreto, no reboco, e olhando do alto a cidade- e daí vinha a vertigem e o medo real da queda.

Disso, temos outro cenário: olhamos de cima, como se flutuássemos no teto. É um quarto, ocupado no centro por uma cama coberta de tecido púrpura e ao canto uma escrivaninha. Sei que é um quarto de poeta -no sonhos, sabemos cada detalhe que precisa ser conhecido- e sei que houve ali uma tragédia, ou ao menos algo digno de pesar. O tal poeta morreu; e foi por amor que ele morreu. Um balaço na testa, cianureto com vinho, não importa, foi uma morte passional.


Seria Maiakovsky? Mas o quarto -tecido púrpura, meu Deus!- nada tem a ver com o poeta. Penso nele, todavia. De quem exatamente se trata? Esse detalhe não é revelado. Logo esse, que faltava para dar sentido ao sonho. Mas já não há tempo, abro os olhos, sento na cama e olho se não tenho, nos dedos, sobras de cal.

*

Que grande fonte de inspiração, a matéria onírica. A imagem é "Sono", de Dali (1937).

2 comentários:

  1. Nos sonhos tudo pode acontecer, vai alem da realidade, seja de olhos abertos ou fechados. No entanto, alguns deles parecem tão reais que nos faz pensar ter vivido realmente tal situação. Achei intensa essa experiencia de "Um sonho qualquer".

    Abraços. Marli.

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  2. Já tive muitos sonhos assim. Acordar com todas as sensações do sonho. Vai saber, o que se passa no "id" rsrs. Coisa pra psicanalista. Ou o componente espiritual -se acreditarmos- por trás.

    Esse sonho narrado no post foi real, e a sensação misteriosa, mas agradável.

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