2 de ago. de 2010

Eleições 2010: o PCB e a construção do Poder Popular

Uma coisa que me incomoda, em época de eleições, é a grande quantidade de pessoas que passam alheias ao momento. São a encarnação do "analfabeto político" de Brecht, aquele que se orgulha de não estar interessado em política, sem saber, estúpido que é, que toda vida em sociedade depende justamente das decisões políticas- do preço do remédio ao da comida.

Somos homens terrenos, situados em um contexto material. Não é preciso negar a espiritualidade ou a religião para compreender esse fato, o da nossa imersão na realidade física. E se estamos situados no aqui e no agora -e não alhures no limbo- é aqui, desde já, que devemos buscar nossa felicidade, e não protelá-la para um futuro nebuloso. A religião que perde isso de vista é a religião criticada por Marx, a do "ópio do povo", o "soluço da criatura oprimida" que se contenta com a flor imaginária, alheio à flor real que quer desabrochar e espalhar seu perfume. A Teologia da Libertação entendeu isso. A libertação, em sentido teológico, não prescinde da libertação material, concreta, do cotidiano.

As eleições, mais precisamente, a importância da participação ativa nas eleições está nesse contexto, o da busca consciente por uma melhor sociedade. É nesse momento, mais do que nunca, que se fala em propostas, que se fala em sugestões, em programas, em rumos para a vida do país- rumos esses que não só nos influenciarão como às gerações seguintes, em maior ou menor escala. Há que se manter alheio a isso? Evidentemente que não.

É importante deixar claro: os leninistas -e comunistas em geral- não acreditamos que as eleições possam trazer mudanças de fundo. Arranham a superestrutura, minoram uma injustiça aqui e acolá e...ficam nisso. Cem, duzentos anos de democracia burguesa como a temos e ainda estaremos cá, repetindo a velha história, sofrendo das mesmas mazelas. Pois o que é preciso é uma mudança radical, isto é, uma mudança que vá à raiz da coisa. É preciso uma ampla reforma de base, que coloque abaixo o sistema vigente -competitivo- e erga outro em seu lugar, cooperativo e associativo. Tudo fora disso é Sarney e Dilma, Lula e Collor, o mais do mesmo enojante.

Se acreditamos que a democracia burguesa não pode trazer mudanças de base, por que os leninistas participamos dela? Justamente por isso: é preciso denunciá-la. Tirar as máscaras, tirar o próprio véu de democracia que ele, o sistema burguês, finge possuir. Não é democrático um sistema que reduz, de quase uma dezena de candidatos, o debate político aos três melhores colocados nas pesquisas. Mormente se tivermos em vista que esses três candidatos -Serra, Dilma e Marina- são projeções da mesma mentalidade político-econômica. A população, assim, alienada, acredita estar escolhendo seu governante, quando na verdade dá-se um enorme jogo de cartas marcadas. É preciso participar, portanto, para denunciar isso.

Participamos, ainda, porque, mesmo dentro do atual sistema, há medidas relevantes, de claro caráter popular e progressista, que podem ser plenamente aplicadas desde já. Não o são, porque o status quo não permite, não deixa, mas poderiam, daí a importância dos candidatos comunistas deixarem claras essas possibilidades.

Está aberto o convite, assim, a todos os interessados -qualquer que seja sua afinidade política- em novos projetos, em novos paradigmas, que fujam da falsa polarização "Serra x Dilma" e, mais do que isso, que avancem para além das eleições, uma verdadeira campanha movimento cujo escopo é a luta pelo socialismo: MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – PCB.

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