Assim como as notícias sobre violência urbana nas grandes cidades tendem a não causar mais maiores comoções, a opinião pública mundial parece já estar anestesiada com as notícias que chegam do Oriente Médio- e não me refiro ao Iraque ocupado e jogado à anarquia. Falo da Palestina, aquela terra dita "santa", onde tudo parece ser milimetricamente urdido para impedir a emancipação de um povo.
Bastou que o Hamas chegasse ao poder em março para que as instituições palestinas se vissem vítimas do boicote dos doadores internacionais. Ah, mas os ianques não apóiam (e a empurram à base de bombas) a democracia (ou o que eles entendem por isso) no mundo? Temos então o Hamas no poder, pela escolha popular e respeitando as regras do jogo. Mas o Hamas é um grupo "terrorista", é preciso cancelar o envio de remessas e bloquear seus recursos, para pressioná-lo a abandonar o terrorismo. Pois bem, e temos como conseqüência o colapso da máquina pública dos territórios ocupados pelos palestinos: mais de 165 mil servidores sem a remuneração em dia e problemas na prestação dos serviços públicos básicos. Foi dito por um funcionário israelense que o objetivo "não é matar de fome os palestinos, mas impor-lhes um jejum"- e eis um exercício de cinismo típico. Em um cenário do tipo, a cizânia entre Hamas e Fatah (este, acusado há tempos de corrupção e ineficiência, e o preferido pelos EUA) assoma com risco -não desprezível- de converter-se em guerra civil.Aliás, a matança da população civil palestina pelo exército de Israel (dos mais poderosos do mundo, como é cediço) continua. Nesta semana tivemos a perda de nove pessoas em Gaza, incluindo duas crianças. O terrorismo de Estado de Israel não é criterioso: "terroristas" ou crianças, a vida palestina nada vale.
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Nas fotos acima:
1. Membros da guarda presidencial do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas (Abu Mazen), da Fatah;
2. Ismail Haniyeh, primeiro-ministro da ANP, do Hamas;
3. Demonstração de apoio popular ao Hamas.
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